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Um dos filmes mais legais de Hollywood produzidos em 2018, que não entrou em cartaz no Brasil, está perdido hoje no catálogo da Netflix e vale sua atenção. Upgrade foi elogiado e é comprovadamente bom porque tem nota 7,5 no IMDb.com (repare que todos os filmes aclamados por público e crítica na plataforma têm nota maior que 7). 

No filme, a história de Gray, um tecnofóbico, é transformada depois que ele fica tetraplégico e aceita um implante que melhora a sua inteligência e o leva a uma bem sucedida jornada de vingança. A inteligência artificial implantada no cérebro de Gray, quando autorizada pelo personagem, consegue tomar decisões amparadas em modelos preditivos com base em dados e antecipar os movimentos que o corpo do protagonista deve fazer para incrementar sua eficiência, sobretudo nos embates que passa a ter para revisitar a tragédia que ocorreu consigo e com sua esposa.

Com nota de 7,5 no IMDb.com no dia 16 de maio, Upgrade (2018) é um filmaço.

Upgrade, como uma boa obra audiovisual, é um espelho da nossa sociedade. O porquê do espelho é papo para outro artigo, mas o que Upgrade reflete é o que a inteligência artificial pode aprimorar nas escolhas visando um modelo mais assertivo e produtivo de atuação. Praticamente, Gray passa a deixar que IA decida por ele a partir do momento que ele quer..

Observe a escala abaixo do cientista brasileiro Ricardo Cappra num artigo feito para o MIT Tech Review. 

6 graus de maturidade para a tomada de decisão com base em dados. Fonte: Ricardo Cappra para MIT Technology Review

Se Gray fosse uma empresa, é possível dizer que ele seria uma “EMPRESA DE DADOS”, atingindo o nível máximo de eficiência na tomada de decisão, permitindo que o software ou a inteligência artificial deem o direcionamento.

Em geral, a maior parte das empresas que caminham para a tomada de decisão com base em dados circulam entre os níveis ÁGIL (Nível 3) e SISTÊMICO (NÍvel 4) do modelo acima. Na maior parte das vezes, são empresas nascidas no século XX, num mundo em que os centros urbanos se instalaram em busca de indústrias que suprissem as demandas dos consumidores. Hoje, as demandas são diversas, flutuantes, as cadeias de suprimentos não são fixas e os comprometimentos com resultados exigem decisões mais assertivas e melhor embasadas. O que se mantém desde o século XX, independente do nível de maturidade de tomada de decisão com base em dados de uma empresa, é a necessidade de uma atuação produtiva, algo intrínseco ao capital: escalar com menor esforço é a regra que não muda em qualquer nível de tomada de decisão, mesmo que por CENTRALIZADA POR FEELING (Nível 1). O que muda é a necessidade de acertar para crescer e rentabilizar em menor tempo e com menor esforço.

Gabriela Prioli explica a Monark a diferença entre opinião, baseada em percepção ou feeling, e uma afirmação de dato com base em dados.

Um autor que estaria embasbacado com a cultura da tomada de decisão automatizada por algoritmo, não houvesse morrido em um acidente de carro em 1991, é o checo-brasileiro Vilém Flusser. Flusser associa as automações com foco em aceleração e diminuição de atrito ao desejo humano de melhores resultados em tudo, algo que denomina “programa”. O “programa” de Flusser se refere a nossos meios de produção, que cria botões que reduzem em fração de segundos trabalhos que levariam muito tempo, permitindo que o homem escale atividades ou foque em algo mais produtivo ou mesmo no ócio, o que, sabemos como humanidade, ainda não rolou. Assim como os algoritmos nos fascinam hoje, Flusser ficava embasbacado com os botões. Afinal, algo que é muito banal para nós, como apertar um botão e subir 10 andares de elevador ou acender um fogão, é. lembra o autor, trabalhado condensado, acelerado, escalado e automatizado.

Enquanto buscamos dar um upgrade em nossa relação com a inteligência artificial de modo a atingir mais maturidade na tomada de decisão com base em dados, é preciso manter a reflexão de quais são os riscos de delegar o comando às máquinas. O filme Upgrade traz um caso ilustrativo, uma reviravolta sinistra ao final e, por isso, recomendo assistir.

No mais, é esforço meramente humano, e ainda não dos algoritmos, criar os momentos de pausa e ócio. Uma marca focada em dar asas para a superação e inovação parece estar tentando se apropriar do tema, e dar asas ao descanso. Em 2018, Red Bull lançou o dia nacional do meio período, ação que, este ano, quer repetir na sexta, 25 de junho.

No dia 25 de junho, sexta-feira, Red Bull incentiva o dia do meio período, iniciativa criada pela marca em 2018 e que, este ano, ganha nova força com parceria da agência DPZ&T.

Leonardo Moura

Autor Leonardo Moura

Criador do Branded Content Brasil.

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